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sábado, 12 de janeiro de 2013

Quadrangular - Pentecostal ou Neopentecostal?


Igreja do Evangelho Quadrangular
(É pentecostal ou neopentecostal?)

OBJETIVOS:
Fazer apologia à sã doutrina, alertar lideranças para possíveis distorções teológicas que afrontam a gênese da nossa instituição, apresentar bases bíblicas e literárias que corroboram com o texto abaixo descrito.

Resumo histórico dos movimentos ligados ao pentecostalismo:
No último século aproximadamente ocorreram três momentos distintos ligados ao pentecostalismo e que influenciaram a igreja brasileira.
O primeiro deles ocorreu fora do Brasil, mais especificamente nos EUA, na Rua Azuza no ano de 1906, o movimento foi tão expressivo que houve o rompimento das lideranças envolvidas com as suas  denominações de origem, a maioria delas ligadas às igrejas protestantes históricas e fez surgir uma expressiva difusão deste movimento não só nos EUA, mas com vislumbres de grandes evangelizações em outros países com base nas doutrinas compreendidas nesta época. Muito pouco tempo após este movimento o Brasil recebeu missionários que fundaram denominações pentecostais em nosso país.
O segundo momento foi verificado nas décadas de 50 e 60, trouxe traços semelhantes ao movimento do início do século, porém com algumas particularidades, o movimento foi marcado por grandes realizações em torno das curas e operações de maravilhas, permitindo com que o evangelho principalmente no Brasil se tornasse visível. Surgem deste movimento a própria Igreja do Evangelho Quadrangular e outras denominações.
O surgimento do terceiro momento inaugurou o neopentecostalismo, por volta da década de 70, mas as suas principais raízes remetem à década de 40, em um movimento chamado “Confissão Positiva”, este movimento ocorreu nos EUA e o precursor foi William Kenyon. As suas doutrinas não se fundiram com o pentecostalismo mais clássico dos dois primeiros momentos, porém na década de 70, pelo menos aqui no Brasil, este movimento ressurgiu com grande força por iniciativa de outros líderes.

A nossa instituição Quadrangular é pentecostal desde a sua fundação com características do segundo movimento pentecostal, porém há que se fazer ressalvas teológicas para que todos os nossos líderes enxerguem no neopentecostalismo o maior retardo teológico  dos últimos tempos.
Se o neopentecostalismo pudesse ser comparado a um momento obscuro da igreja cristã remeteríamos a idade média. Este obscurecimento teológico, espiritual foi tão preocupante e contundente que durou mais de mil anos até o surgimento do protestantismo que lutou contra as heresias desde período.
Para que o mesmo não aconteça com a nossa geração e nem com as gerações futuras precisamos estar atentos, que estas poucas palavras sejam como um mapa para todos nós, que nos remeta às escrituras como sendo a nossa única fonte de lição eclesiológica, moral, ética, espiritual e mesmo que os demais movimentos façam chover sinais e milagres, nós possamos nos lembrar das palavras do apóstolo Paulo aos Gálatas (1. 8-9). “Que seja maldito qualquer outro evangelho, mesmo que ele seja anunciado por anjos”, prestem atenção neste alerta:

DOUTRINAS E DOGMAS DOS NEOPENTECOSTAIS:
É muito difícil listar com precisão todas as heresias difundidas pelo neopentecostalismo, pois ele é um movimento marcado pela criatividade dos seus pregadores, todos os dias surgem novas heresias e torna o trabalho do apologista uma tarefa árdua na defesa do evangelho. No entanto, há doutrinas, dogmas basilares que são perceptíveis e todas as demais heresias seguem como uma revitalização das velhas mentiras. Vejamos:

A DOUTRINA DA CONFISSÃO POSITIVA:
A confissão positiva tem suas raízes nas seitas mais antigas do mundo, estão ligadas também ao pensamento de que o homem possui poder nas palavras pronunciadas e estas por sua vez, mudam situações no “reino espiritual”.
Os pregadores desta doutrina fazem a distinção desastrosa em torno dos termos gregos “logos” e “rhema”, que significam palavra escrita e palavra pronunciada. Apesar dos significados estarem corretos, elas não são distintas na sua essência, pois pelo menos para mim pouco importa se a palavra é escrita ou pronunciada ela não deixa de ser palavra.
Eles ensinam que através da confissão (pronúncia = rhema) de palavras positivas é possível trazer a existência bênçãos que estão ao dispor no “reino espiritual”, mas que apenas alcançarão aqueles fizer uso delas tomando posse “rhema”. Essa doutrina complica a vida dos mudos, pois eles nem podem fazer uso da “logos” que nada serve para eles e muito menos da “rhema”, ou seja, os mudos neste caso entrariam em outra categoria de palavra que infelizmente não foi sistematizada pelos léxicos gregos, ficando fora da “bênção”.
Essa doutrina é tão superficial nas escrituras que seus precursores não encontraram fundamento teológico contextualizado para ensiná-las, no entanto, o marketing em cima desta doutrina foi tão bem articulado que hoje é quase impossível não ouvi-la de um cristão marcado pelo neopentecostalismo.
Quando a bíblia declara que os pedidos que fazemos em nome de Cristo serão atendidos, ela também ensina que não é por meio da confissão que as bênçãos ocorrem, mas elas são decorrência da presença de Deus dentro do coração deste cristão. Ao mesmo tempo, o cristão autêntico não pedirá bênçãos apenas para os seus próprios deleites. (Tiago 4.3 / João 15.7).
Outro detalhe expressivo da confissão positiva é a autoridade que se confere aos homens sobre os seres celestiais caídos ou não, isto também é uma heresia. Quanto aos seres celestiais que estão a serviço de Deus eles apenas trabalham com as ordens diretas vindas de Deus e não dos homens (Salmo 91.11).
Nós temos autoridade sobre os demônios para expulsá-los diretamente na autoridade do nome de Jesus quando possuem alguém, no entanto, após a libertação do indivíduo não cabe a nós dá-los destinos. Percebam que o texto de (Judas 1.9) diz que nem o arcanjo Miguel usou desta prerrogativa.

DOUTRINA DA MALDIÇÃO HEREDITÁRIA:
Afirmam seus precursores que todo e qualquer problema humano tem raízes nas maldições que estão visitando gerações e gerações, não há qualquer possibilidade de atingir a plenitude na vida cristã se elas não forem “quebradas”.
Apontam que os instintos pecaminosos e as inclinações para certas tentações são maldições também.
Usam apenas textos bíblicos isolados para fundamentar suas teses, o principal texto que usam é (Êxodo 20.5) “... porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam”.
Ocorre que um cristão não odeia a Deus para ser visitado com alguma maldição, se eles aceitaram a Cristo a sua intenção é agradá-lo.
Esquece-se de lembrar o povo que a bênção de Deus é muito maior do que qualquer maldição (Deut. 7.9).
Os seguintes textos bíblicos é a defesa mais pontual contra essas heresias: (Ez. 18. 3-14, 18.20 / Gl. 3. 13), há muitos outros textos, mas estes já servem como orientação.

DOUTRINA DA PROSPERIDADE:
Essa doutrina é sem dúvida a mais proeminente no neopentecostalismo.
Dizem nas entrelinhas os pregadores desta maldita doutrina que a pobreza ou a desventura na área financeira é uma espécie de maldição, afirmam que todo cristão autêntico tem o direito de viver do e no melhor desta Terra.
Pregam massivamente que a bênção de Deus pode ser medida pela prosperidade, ou seja, os mais abençoados são aqueles que possuem mais bens.
Dentre todas as mentiras talvez essa seja aquela que possibilita a maior mobilização dos fiéis em torno do culto ao ídolo chamado dinheiro, os desafios de fé vão além da obediência à bíblia, essa doutrina extrapola o bom senso e faz com que as pessoas busquem a prosperidade mais do que a santidade.
Para comprovar este fenômeno basta olharmos para os tipos de crentes que o neopentecostalismo vem formando, há quem acredite que dar dinheiro como desafio de fé torna Deus um devedor, sendo impossível não haver retornos e se não acontecem jogam a culpa na fé que foi pequena demais. Haja vista, para Deus não há diferença entre fé grande ou fé pequena. (Lucas 17. 6)
Gostaria de gastar mais umas linhas em defesa do evangelho contra esta doutrina usando a bíblia como base, mas eu vou falar a realidade usando a linguagem direta que todos conhecem.
A igreja que abre espaço para essa doutrina é dirigida por mercenários, ladrões, mentirosos, estelionatários que encontraram na igreja ou nos fiéis um meio de enriquecimento.
Usurpam da posição de líder e arrogam para si o direito de usufruir das finanças da igreja como bem entendem, vadios no sentido mais estrito da palavra.
Alguns líderes andam de jatos e helicópteros enquanto os membros de sua igreja são ensinados que precisam ser fiéis, como aquela viúva pobre que deu tudo o que tinha para Deus.
Líderes eclesiásticos são fazendeiros donos de fortunas incalculáveis, porém adquiriram isso com o suor das suas gravadas sujas com o sangue dos pequeninos da Casa de Deus.
Vendem seus produtos místicos, simbólicos ungidos a preço de ouro e acreditam que Deus está apático a estas mentiras.
Descanso nas palavras de Jesus, pois com certeza haverá juízo contra esses mentirosos: (Mateus 18.6) “mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar”.
Esses perversos estão fazendo a igreja tropeçar e sair da sã doutrina que visa à busca da presença do Espírito Santo para a idolatria ao dinheiro e mais usam dela para fazer fortuna, cabide de empregos para outros ociosos e vadios. (Mateus 21. 13) “A minha casa será chamada casa de oração, mas vós fazeis dela covil de salteadores”.

Características e atitudes que apontam para o desvio da doutrina bíblica:
  • Culto a fé, pela fé e para a fé;
  • Troca de centralização da cristologia para a pneumatologia (Doutrina do Espírito Santo);
  • Uso indiscriminado de simbologias, com uso de objetos e amuletos;
  • Descaso com o ensino bíblico;
  • Base teológica para as práticas cristãs no Antigo Testamento;
  • Desprezo total ou parcial das doutrinas de Cristo e dos Apóstolos;
  • Foco doutrinário na prosperidade e nos milagres;

Característica intrínseca das igrejas neopentecostais:
Todas elas sem exceção possuem um dono, ela não pertence a Cristo, mas são de fato propriedades exclusivas de líderes e de suas famílias formando uma espécie de dinastia.
A liderança não é compartilhada com um corpo colegiado de líderes que possibilite a disciplina em caso de desvio de conduta do líder maior. Na verdade essa liderança fica acima de qualquer suspeita e quando caem em desvio de conduta moral, ética e administrativa estão blindados por um sistema que apenas os favorecem.
Se houver qualquer divergência entre os demais membros a máxima é: “os incomodados que se retirem ou serão expulsos”.
O detalhe é que a Igreja é de Cristo e não pertence a pessoas em específico, em nome disso a política se torna uma ferramenta pela qual estes lideres fazem uso para manter-se no poder de forma vitalícia.

CONCLUSÃO:
Espero que estas poucas palavras tenham aberto a mente de cada um de nós para a apostasia que a igreja vem enfrentando e que possibilite que lutemos em nome do verdadeiro evangelho. Faça também com que dobremos mais os nossos joelhos para que Deus santifique o nome dele no nosso meio para honra e glória do Senhor Jesus. A Igreja do Evangelho Quadrangular pode ser sondada, medida e descrita por cada uma destas características e doutrinas acima expostas, quem deve fazer isso somos nós os membros e líderes desta igreja, não cabe sondagens externas, quem precisa se limpar somos nós, caso haja algum envolvimento com o neopentecostalismo antibíblico.

Referências para consulta:

  • Campos, Leonildo Silveira. Teatro, templo e mercado: organização e marketing de um empreendimento neopentecostal. Petrópolis e São Paulo: Vozes/Simpósio/UMESP, 1997.
  • Machado, Maria das Dores Campos. Carismáticos e pentecostais: adesão religiosa na esfera familiar. Campinas: ANPOCS, 1996.
  • Mariano, Ricardo. Neo-pentecostais: sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. São Paulo: Loyola, 1999.
  • Pieratt, Alan B. O Evangelho da Prosperidade.São Paulo: Vida Nova, 1993.
  • Siepierski, Paulo D. "Pós-pentecostalismo e política no Brasil". em Estudos Teológicos. Rio Grande do Sul:IECLB v. 37, nº 1, pp. 47-61, 1997.
Sites para consulta: